13 de junho de 2012

Leitura e Contemporaneidade




A educação que é oferecida à maioria de nossos alunos se mostra como uma silenciosa injustiça, pois há nas prateleiras o livro que a escola possui e que geralmente não é lido. O teatro que não é visto, a música que não é ouvida, a pintura que não é apreciada, o filme que não é assistido ou talvez, é assistido como entretenimento e não como enriquecimento, tudo isso ligado a uma cultura não leitora. O pouco que é oferecido vem sempre como migalhas, deixando a cada um a possibilidade de aprimoramento e de busca por mais e novas experiências. Eis aí tamanha injustiça, pois se o saber não passa pela escola, dificilmente passará por outra instância.
Vivemos atualmente na era da informação. Quem tem informação sabe onde investir, onde plantar. Quem tem tecnologia, informação, domina o mundo. Um país com milhões de analfabetos fica pra trás. Magda Soares nos diz que:

para se ter acesso ao mundo da leitura e da escrita e nele poder viver, são necessários dois passaportes: o domínio da tecnologia da escrita – o sistema alfabético e ortográfico – passaporte que se obtém com o processo de alfabetização; e é preciso ter desenvolvido competências de uso dessa tecnologia – saber ler e escrever em diferentes situações e contextos – passaporte que se obtém com o letramento. (SOARES, 2006. p. 03).

O Brasil necessita aumentar seu número de acesso à cultura letrada. Essa formação necessita, de forma adequada iniciar e se desenvolver na escola. É preciso letrar, e ainda, discutir na contemporaneidade, a evolução do pensamento crítico de nossos alunos/cidadãos. Pensando nessa ideia, Maria Antonieta Pereira contribui muito ao afirmar que:

Evidentemente, não podemos formar leitores como se ainda estivéssemos no século XIX, em que a grande mídia era o texto impresso, muito bem representado pelo folhetim, gênero que mistura jornal e romance. Contudo os problemas de alfabetização e letramento em países como o Brasil não terminam aí: em pleno terceiro milênio, ainda temos milhões de analfabetos e semi-analfabetos, o que contribui para reduzir violentamente os níveis de leitura da população em geral. (PEREIRA, 2007, p. 37).

            Indo na perspectiva dessa autora, entendemos que, realmente não podemos formar leitores no século XXI, se utilizando de práticas tradicionais. Se de fato, buscamos uma leitura literária prazerosa na sala de aula, por que não partir do contemporâneo, das práticas atuais de linguagem?
            O Brasil é uma nação formada, simultaneamente, por analfabetos, analfabetos funcionais, alfabetizados, leitores médios, leitores de alto nível etc. E ainda, se é verdade que qualquer país do mundo também comporta essa variedade de leitores, também é verdade que o nosso problema é mais grave porque temos uma alta porcentagem de analfabetos e semi-analfabetos e uma baixíssima porcentagem de leitores formados nas habilidades e competências requeridas pela contemporaneidade.
            Assim, num país com tamanha desigualdade social, um dos mais seguros mecanismos de promoção social é o desenvolvimento da competência leitora e da produção de variados textos sociais, os quais se espera que possam ser desenvolvidos na escola. Faz-se necessário então que as práticas escolares de leitura se utilizem das atuais demandas do terceiro milênio que ultrapassam o impresso, tais como a televisão e o computador.
            A explosão dos meios audiovisuais fortalece a exploração conjunta, de aspectos de um novo processo de ensino-aprendizagem, um processo que envolva a leitura do texto e consequentemente a leitura da vida. Se o que rodeia nossos alunos é a imagem, temos que começar já a se valer do computador, da televisão, do cinema e assim, promover a circulação da literatura de forma hipertextual. O contato com o literário, para o público que se encontra nas salas de aula hoje, certamente, será mais vivo, prazeroso. A utilização da imagem fortalecerá a leitura das obras canônicas em versões impressas ou mesmo em versão online.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PEREIRA, Maria Antonieta Pereira. Jogos de linguagem, redes de sentido: leituras literárias. In: PAIVA, Aparecida. Et al. Literatura: saberes em movimento. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

SOARES, Magda. Qual a diferença entre a alfabetização de crianças e a de jovens e adultos? Jornal Letra A Especial, Belo Horizonte, ano 2, Edição Especial, p. 3, jun/jul. 2006. < http://www.ceale.fae.ufmg.br/nomade/midia/docs/150/phphxxomL.pdf> acesso em 05 de junho de 2012.